Infelizmente, o blog Moda é Cultura! não conseguiu chegar a tempo de assistir o primeiro dia de desfiles do Concurso dos Novos Talentos 2011, mas pudemos assistir ao 2º dia:
FANOR
Release da Coleção "Areias que Inspiram Sonhos"
Dunas e falésias podem nos remeter a visões de desencontros, amplitude e indefinição, no entanto nos encontramos nas areias coloridas de Canoa Quebrada. Entre paisagens de cores de terra, sol, mar, coqueiros e casas bucólicas nos inspiramos para criar uma coleção marcada pela sensibilidade e pela contemplação do belo.
A Coleção " Areias Que Inspiram Sonhos" apresenta um repertório capaz de encantar e despertar desejos e sonhos fabulosos.
As criações dialogam com sentimentos e estilos que comunicam em cada detalhe o prazer de estar, viver e se emocionar em cenários paradisíacos, e nos levam a sentir a brisa do mar entre as falésias, o toque da areia, o aconchego das moradias e o trabalho peculiar dos artesãos das areias coloridas.
Esse ambiente de beleza natural única inspirou peças de formas fluídas e estruturas associadas ao artesanato produzido com as areias coloridas. As cores passeiam entre os tons terrosos e os mais vivos. Os tecidos como o algodão, o tafetá, a organza e os materiais como fitas, bicos e cortiças completam essa imagem com forte apelo emocional e artesanal.
As areias coloridas registram momentos singulares que foram retratados nessa coleção que anima vaidades e potencializa uma atmosfera de simplicidade, elegância e sustentabilidade com looks diferenciados e preciosos.
UFMG
Release da Coleção "Impulsos Orgânicos"
As mãos do artesão imprimem a sua marca em cada uma das peças que produz. Únicas, trazem em si a experiência de cada pessoa, num processo produtivo em que a habilidade e a surpresa se revelam nos pequenos –e grandes –detalhes. Na realidade, é esta manipulação que dá a identidade a cada uma das peças. São estas mãos que inconscientes buscam reproduzir muitas das formas orgânicas, como um contraponto à dureza da vida. Curvas, abruptas ou suaves, surgem nos diversos fazeres manuais.
A coleção voltada para o público feminino, tem como tema „Impulsos orgânicos...mãos que revelam formas da natureza‟ e trabalha prioritariamente com o mata borrão de algodão –tecido de descarte da indústria da moda –como ponto de partida para criação de todos os looks..A reinserção desse material no processo produtivo se dá através do enobrecimento pelo trabalho artesanal e a opção por utilizar as formas da natureza em cada peça.. Também há o emprego da madeira, usada nos calçados, e linhas.
Algumas formas são inspiradas no ofício dos carpinteiros que construíram peças como moinhos de água, com suas lanças e pás, eixos, engenhos, etc. Sem dúvida alguma se parecem com as folhas das bromeliáceas e de muitas outras plantas. É o fazer manual buscando na natureza sua fonte de inspiração. É também a engenhosidade das máquinas e dos sistemas simples produzindo formas complexas.
À maneira das bromélias, que são encontradas em meio a pedras, ou apoiadas a outros vegetais para garantir sua floração, que surge exuberante entre as folhas duras e rígidas, a coleção apresenta elementos orgânicos criados e confeccionados através do manuseio do tecido mata borrão. Surpreendentemente elementos como que saltam, ganhando vida e volumetria arquitetônica, além de enroscar e entrelaçar, sinuosamente, tanto em si mesmos como nos corpos femininos.
Também se assemelham aos radiolários, elementos oceânicos que possuemretículas bastante vistosas e geométricas.
Como as ânforas e vasos de cerâmica, as formas são geralmente arredondadas na parte inferior e mais ajustadas na parte superior. O formato de casulo perpassa por muitos dos looks. Em todas as peças o trabalho de texturização se faz através da manipulação dos materiais utilizados com técnicas artesanais: o próprio tecido sofre transformações, as linhas são utilizadas em bordados e rendados similares ao crochê.
A coleção primavera-verão é composta de vestidos curtos e longos, recortes vazados, muita volumetria e sinuosidade, com a adoção de elementos orgânicos de modo contemporâneo. A identidade da marca é dada pelo manuseio de cada uma das peças, o que valoriza e recoloca o trabalho artesanal no seu devido lugar.
Nos pés sapatos cujos saltos retomam um dos elementos decorativos de algumas das peças, com detalhe em madeira e elementos naturais, circundados por uma tornozeleira-pulseira.
O make-up busca privilegiar a área dos olhos, com cílios longos, boca pintada e sobrancelhas apagadas. Cabelos presos no alto da cabeça em coques laços desestruturados completam os looks. Dialoga com o vestuário na medida em que a artesania se faz presente pelas transformações manuais de elementos corporais.
A cartela de cor abarca os tons de verde, azul, lilás e vermelho, porém está sujeita à imprevisibilidade da matéria prima de descarte industrial. O mesmo se passa com relação às estampas. Em um único tecido há uma gama de cores diferenciadas o que por si só não garante uma uniformidade da peça. Portanto, todo trabalho dessa coleção implica a manipulação –o uso da matéria prima, o estudo prévio e a seleção de cada uma das partes do tecido para seu melhor aproveitamento, sua total utilização e melhor efeito estético.
Portanto a nossa coleção remete ao ofício do artesão, que possui uma íntima relação com o seu fazer e detêm o conhecimento das matérias primas (saber) o que torna possível realizar transformações surpreendentes. A diferença reside na origem do nosso material, descartado pela indústria têxtil, no qual reconhecemos: o seu alto potencial criativo.
UFPI
Release da Coleção "Novas Portas para Guernica"
O ponto de partida para esta coleção foi a tela “Guernica” de Pablo Picasso. Aprofundando-nos na temática do quadro chegamos ao ataque aéreo em Abril de 1937, à cidade espanhola de mesmo nome. Ataque esse comandado pelo Fascista Francisco Franco que teve o apoio maciço de Hitler e Mussoline.
Lançando um olhar poético sobre o futuro renunciamos à dor do passado e buscamos a beleza que abre o espírito a novos territórios juntamente com a coragem para novos recomeços. Neste novo começo, as formas trazem a lembrança das estruturas dos fardamentos militares como extensão de Francisco Franco, e do geometrismo da obra de Picasso, que se desenvolvem entre vestidos, bodys e macacões proporcionando a visualização de um jogo de cores através de seus recortes. A gabardine e o plástico, materiais usados na coleção, fortalecem esta representação. Já as cores utilizadas: bege, cobre, cinza chumbo, vermelho rubro e verde xale são uma forte referência aos caças utilizados por ocasião daquele ataque aéreo.
Introduzidos na temática Artesanias, a fibra de taboa e o couro de bode surgem de maneira original nos acessórios. Seguindo o tema, o bordado richelieu surge sorrateiro em detalhes, como também grandemente em peças inteiras. O elemento chave que é utilizado tanto na sua forma real, quanto como motivo para o richelieu, simboliza a determinação do homem em abrir novos caminhos e recomeçar a vida a partir do que se tem. A partir de cinzas, sangue, heranças de lembranças. E esperança.
FCC
Release da Coleção "Mulheres Cabaça"
Conceito:
A mulher em sua semelhança como uma fonte fazedora de vida, de onde brota força de suas mão, a ternura de seu olhar, o doce de suas canções, a vida e a pureza que descansam em seu ventre.
Uma mulher plural representada pela mais simples moradora dos sertões, das matas, das margens dos rios, igarapés e praias. Aquela que faz da sua dura realidade a maior razão de estar viva.
Com este olhar explora-se os elementos que compõe a rotina simples desta mulher complexa. É no cesto trançado com curvas de palha, que repousa seus instrumentos e dorme a sua cria. O cesto que protege e guarda a colheita, o cesto que transforma a cabaça.
Inspiração:
A cabaça, um instrumento da natureza convertido em tantos ícones quanto possíveis: é balde, moringa, cuia, copo, boneca, chimarrão, concha... e roupa. Reparando na metáfora quase mágica entre mulher e vegetal, trabalhadora e seu instrumento, mão e amamentação, virgem e pureza de seu corpo, o artesanato quase simples que vira arte.
A arte rendeira que sai de sua mão desenhando e tramando histórias em pedaços de tecidos, embelezando a vida de outras pessoas. Enfim, são as mulheres simples em seus hábitos, humildade em suas ambições, complexa em suas funções e em suas aptidões, estas mulheres que passeiam por entre os cestos e as rendas. Elas que no final serão chamadas de filha, irmã, comadre e mão. Elas que são as "Mulheres Cabaça".
Materiais:
A mulher com sua sensualidade velada vista na coleção através do corpo coberto revelando apenas pouco de sua pele. Na cartela de cores, o off-white, beges, marrons e dourado representa tudo que é precioso marcando pontos no corpo como pontos d’ouro. A silhueta é deslocada permitindo com isso a valorização da forma mais pura do ser feminino, com destaque para cintura e quadril. O desenho estilizado da cabeça vem de forma subliminar nas largas golas representando a "boca" da cabeça dilatando de forma paulatina até alcançarem a proporção grande da extremidade inferior do fruto.
O artesanato foi revisto em forma de rendas, nos objetos do cotidiano como os panos de prato, nos cestos e no pano que repousa sobre a cabaça guardando o alimento.
O up-cycling interpretado segundo o conceito da aculturação do artesanato, onde o uso do refugo de malharia (malha que sobra do corte, foi desfiada e reutilizada) é misturado a palha indiana formando um novo trançado, uma nova construção, sendo transformados em roupas.
Prendedores de roupas descartados se unem a folhagens, sementes, flores secas, penas de aves que saem do chão direto para os adereços e os bordados tecnológicos mostrando novas possibilidades.
Nasce deste mix de texturas, um tipo de artesania multicultural, onde a chave do pensamento foi a mistura de técnicas com um olhar contemporâneo e moderno, algo atemporal, assim como a personagem mais importante desta história, a: "Mulher Cabaça".
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